terça-feira, 22 de maio de 2007

Infantilidades. Porque sim.

Ouvi uma expressão que me fez voltar ao passado, ficar nostálgico e rir. Além de pensar "que coisa parva.". A expressão em causa é um clássico de qualquer infância : "Epa..que cheiro a pum.". Dou-vos um tempinho para rirem, sentirem saudades e ainda se quiserem darem vocês mesmos um pum. A primeira pergunta que me ocorreu na altura foi: quem é o génio infantil que chama de pum a alguma coisa? E pior ainda, como é que pode pegar moda e toda a gente chamar pum ao acontecimento relatado no dicionário como "ventosidade sonora expelida pelo ânus."? E também, como é que alguém que já ultrapassou a adolescência consegue dizer "Epa..que cheiro a pum." em publico, verdadeiramente inocente, só para se queixar do cheiro que estava a acontecer?
Vou aproveitar a embalagem e continuar num mergulho ao passado, com mais expressões incríveis e que ninguém se deu ao trabalho de analisar depois de crescer. Falando na próxima escolha, quem não se lembra de insultar e depois levar em jeito de resposta um efusivo "Quem diz é que é, lava a cara com chulé.". Esta tem muito que se lhe diga. Indo por partes, a primeira metade "Quem diz é que é" é sem dúvida uma forma de asteriscar. Infantil? Sim. Mas pelos vistos funcionava. Em vez de dizermos algo pelos outros, o que eles diziam virava-se contra eles. Espécie de feitiço virado contra o feiticeiro. Muita magia naquela idade.

Manel: "Riscaste-me o bibe. És estúpido."
Joãozinho: "Quem diz é que é."

Ora Joãozinho não nega ter riscado o bibe, mas no fim de contas o estúpido é o Manel. Quer dizer, o Manel fica com o bibe riscado e com a estupidez. E o Joãozinho? Fica tranquilo. E com o ego saciado porque quis riscar o bibe do Manel. E riscou mesmo. Querer é poder.
Como se não bastasse toda esta situação, ainda há a punição. Ficam com o próprio insulto e ainda têm que lavar a cara com chulé, o que além de ser uma tarefa difícil (sendo chulé o cheiro proveniente dos pés, lavar a cara com o mesmo soa a esquisito) para não dizer impossível, se pode imaginar que seja algo custosa.
Outra frase bastante curiosa era a resposta a um simples pedido de horas.

Pedrinho: "Que horas são?"
Marcos: "Horas de comer pão."

Ora bem, cada vez que alguém se esquecia do relógio nem podia perguntar as horas, porque aí a porca torcia o rabo e ele tinha que ir emborcar pão. Depois queixavam-se que havia meninos gordinhos e culpavam os hamburguers. Nada disso, a culpa da obesidade infantil é dos relógios, ou da falta deles. E nem eram os professores a castigar por se querer ir ao intervalo, eram os malvados dos colegas que queriam castigar quem acordou tarde e não pegou no malfadado relógio.
Mais uma pérola: "Enganei-te, enganei-te, com uma pinga de leite.". Esta era bastante usada aquando de uma mentira bem aplicada, mas eu pergunto-me: Porquê leite? Uma pinga só? Quem conseguir relacionar leite com engano/mentira por favor comente. Aceito teorias.
Mais uma idiotice: "Olha os namorados, primos e casados, foram à igreja beber uma cerveja". Namorados? Ok. Mas primos e casados? Não quero entrar por linhas muito conturbadas mas cheira-me a incesto. Quanto à da cerveja na igreja, acho que é para encher chouriço. Ninguém bebe cervejas na igreja.
Na onda do insulto temos a melodiosa:

Joãozinho: "Vítor caganita, bacalhau sardinha frita."

Sem dúvida uma lengalenga agradável ao ouvido e que fica na retina. Um insulto educado, dado que se adjectiva a pessoa alvo com pratos de comida temidos por todas as crianças (e não só). Toma lá Vítor que já almoçaste.
Para terminar deixo uma expressão usada em jeito de espanto/revolta, quando era pedido algo que roçava o limite da impossibilidade: "Querias, batatinhas com enguias, eu cagav* e tu comias.". E esta não vou comentar. De certeza absoluta que ninguém consegue defecar batatas com enguias.

P

terça-feira, 8 de maio de 2007

Tributos e outros

Quero prestar aqui uma homenagem a um mecânico (anónimo, claro) que vou tratar por Senhor Saragoça e que compôs o meu bólide no dia de hoje. Para terem noção da grandiosidade do Senhor Saragoça, o que sucedeu foi o seguinte:
O carro, por mania de certeza, decidiu que o motor era um assador de sardinhas e que tinha que aquecer até ao máximo para o seu fiel dono, eu, quando chegasse a casa tivesse sitio para assar as próprias sardinhas. Mas com pena minha, ele não sabia que eu não sou fã de sardinhas e portanto, tive que retirar o grelhador do motor. Fui com 1 amigo, o R, à garagem do Senhor Saragoça, e o que se passou foi isto, sem tirar nem pôr:

P: "Bom dia, o meu bólide está com um problema, o motor aquece muito. Já vi a agua e o óleo e está tudo normal."
Senhor Saragoça: "Hmm..isto hoje está muito cheio, terá que passar outro dia com ele."
P: "Ah." (com entoação)
R: "*Bah, mas que nabo, aposto que não sabes compor o carro."
(Obrigado por este asterisco R , foi o ponto de viragem da situação possibilitando o arranjo do carro. Beliscaste-lhe o orgulho.)

SS: "O quê?? Não sei? Mas que carro é ?"
P: "É um XPTO."
SS: "Um XPTO de 98 ?"
P: "Sim."

E aqui pára tudo. Mas o que é isto? Eu digo a marca do carro e ele saca o ano de fabrico?? Eu nem tentei, mas acho que se lhe dissesse a cor da pintura ele me dava a marca do rádio e o tamanho da antena em milímetros. Meus amigos e outros, eu senti logo ali que aquele senhor estava para os carros como os provadores de vinho estão para os vinhos. Em vez de cheirar o vinhinho e "Hmmm isto é um Bridão, Reserva de 2001, 7,5€ " com um fato de jogar snooker vestido, está de fato macaco (azul escuro, pois claro), com as mãos cheias de óleo e diz "Hmmm XPTO de 98, problema no termostato , 75€ ".
Continuando, depois daquele momento senti que era ali que tinha que deixar o meu bólide, e assim foi. Ao chegar a casa bem descansado é que me lembrei de uma situação e pensei para mim "Está aqui um berbicacho." . O carro tem um problema com o fecho centralizado, que impossibilita que o carro abra na porta do condutor. Se se for teimoso e se quiser abrir à força ele come a chave. Sim, a chave fica retida. Ora bem, eu não faço mais nada, ligo para o Senhor Saragoça com medo de ficar sem chave do carro.

P: "Xôr Saragoça, granda maluco, então tá tudo? Olha o fecho centralizado está com um probleminha, acho que é de origem do carro já. Ao abrir a porta, abra do lado do passageiro se não fica sem chave."
SS: "Sim, já tinha visto isso, falta ali uma pecinha. Hoje se tiver tempo ainda lha ponho e fica a funcionar."

Quer dizer, eu falo-lhe de um problema e ele afinal já o sabe? Mas de quem é o carro? Meu ou dele? É meu, mas o Senhor Saragoça demonstra mais uma vez a enorme classe que tem, tal como o provador de vinho que cheira mais uma vez o mesmo vinho e diz "Haha, afinal é Bridão de 2000 e está em promoção no Continente de Carcavelos, 10€ 2 garrafas.", ele liga e diz "Haha, afinal não é só o termostato, tem o fecho centralizado estragado e se compuser os 2 faço-lhe um desconto.". Admito que me senti tentado depois de desligar, a fazer estas chamadas em modo sucessivo:

P: "Olha não sei se reparaste mas o carro tem o para choques de trás um pouco amolgado."
P: "Hmm a luz para se ver os controlos para o aquecimento do carro, como deves ter reparado perfeitamente dado que está de dia e de certeza que foi preciso ligar as luzes do carro, não dão. Estão assim fundidinhas..."
P: "Hmm olhe agora estamos na queima e não sei se viu mas os tapetes do carro têm um bocado de terra e pó. Se calhar não te vais sentar no carro assim porque sujas a sola dos sapatos. Agora que falo nisso, os bancos não estão nada limpos também. "

Não fiz nada disto porque tinha sono, mas acredito que ele tivesse resolvido todos os problemas. Ou se calhar não.
De notar em todo o processo a relação cordial criada entre cliente e empregado, em que eu, P, cliente, tratei o Senhor Saragoça por tu e ele sempre me tratou a mim, P, cliente, por você. E agora dizem-me "Ah mas não devia ser assim, tu és mais novo P. Tu é que devias ter tratado o Senhor Saragoça por você porque ele é mais velho." e eu respondo "Mas alguém aqui deu idades para saberem quem é mais velho ou deixa de ser?"
Mas sim, têm razão, ele é mesmo mais velho. Mas quem usou calças ali meus amigos, fui eu. Ele estava de suspensórios e fato macaco.

P

quinta-feira, 3 de maio de 2007

A Arte de Asteriscar

Como prometido num post anterior (são muitos, não sei mesmo em qual foi) vou hoje proceder à explicação completa do asterisco (*) .
Como toda a gente que usa chats e não só deve saber, o asterisco é usado para corrigir algo dito anteriormente, devolvendo a verdade à questão. Ora bem, o asterisco aqui em causa é um 'asterisco do futuro', algo mais à frente. Indo por passos: tive acesso a uma conversa entre Zé e Joana (nomes fictícios, como sempre) onde Zé protagoniza um uso de asterisco primário perfeito.

Zé diz: epa granda blogue aquele Festa do Pijama.
Xuaninhah diz: kal? num cunhexuh exeh!
Zé diz: *A Festa do Pijama.
Xuaninhah diz: Ahhhh!axim falamux portuguex. Ja xei kualeh!

Ora bem, o Zé na ânsia de elogiar o blog escreveu mal o nome do mesmo, deixando a Joana à nora, mas, puxando dos galões asterisca a frase para corrigir o nome do blog , iluminando Joana que assim ficou a saber de que raio de Blog falava o Zé.
Este é o chamado 'asterisco clássico', que toda a gente usa frequentemente. Mas agora, que tal darmos uma de perfeição e de 'nunca me engano e raramente tenho dúvidas'? Vejamos:

João diz: até tou parva com isso!
Mariana diz: parva ? n sabia que eras rapariga LOL.

Agora surge a inteligência de João, másculo e sério, com um asterisco de se lhe tirar o chapéu, como se não se tivesse enganado.

João diz: *ate' tou parvo com isso!
João diz: Hm? tas-te a rir de quê Mariana?

João asteriscou o seu erro como se em vez de um teclado usasse borracha e lápis. O seu asterisco apagou o adjectivo feminino parva substituindo por parvo. Acham que a Mariana engole? Mas claro que sim. Tem que engolir. Asterisco é asterisco.

Joana diz: oi? tu disseste parva em cima a falar de ti.
João diz: Tas-te a passar não? não aprendas a ler que não é preciso. Olha ai o que disse:
João diz: João diz: *ate' tou parvo com isso!
João diz: Não vejo qualquer espécie de palavra feminina.

E pronto, João arruma a questão saindo por cima. O que fica para a posteridade é que o João disse que estava parvo , nunca ninguém vai falar de qualquer mudança de sexo da personagem em causa, ou pior, de um engano!!!

Para terminar , o mais poderoso manuseamento do asterisco: asteriscar os outros. Quantas vezes ouvem pessoas a mentir à vossa frente e não os desmascaram para não serem chamados chibos, porcos, falsos e outros?. Por exemplo, no Dragon Ball Z, Hércules congratula-se de ter vencido Cell: "EU VENCI O CELL.". Hmm pois, o Songohan envergonhou-se e não quis chegarlá e dizer "Não , eu é que lhe limpei o sebo.". Se o Songohan tivesse aqui vindo ler este post monstruosamente genial iria dizer : "Asterisco O Songohan venceu o Cell." adulterando o dito de Hércules. No instante imediato teria que dizer algo do género "Então Hércules, deixa estar, não preciso do reconhecimento público." como se não tivesse asteriscado. Quem usa o asterisco meus amigos, é como se não tivesse dito nada. Mas usa asterisco? Usa. E escreve alguma coisa? Não. O asterisco é uma arte fantasma! Adoptando agora o asterisco de outrem a um tempo mais nosso, poderá sair algo do género de:

Tesuda diz: Epa odeio-te, és mesmo anormal.
Z diz: *Epa adoro-te, és fenomenal.
Z diz: Oh então, não me elogies que eu fico sem jeito.

E voilá , Z brilha, asteristicamente falando. Tal e qual como dito em cima, ele asterisca e fala de seguida como se nunca o tivesse feito. Quem é que disse ao Z que ele era fenomenal e que o adorava? A Tesuda, claro! Podem adoptar os asteriscos para o quotidiano, para diálogos reais e não só virtuais. Penso que está a caminho uma nova vertente de asteriscos que são os 'asteriscos de movimento'. Posso dar um exemplo rápido: vão na rua, um amigo vosso (ok, um conhecido daqueles que rezam todos os dias para que tenha o mínimo deslize convosco para lhe sentirem a cara) acena-vos e vocês dizem "Asterisco" e fazem um pirete com a mão. Rapidamente vão a correr em direcção a ele, metem um ar de raiva e dizem "NÃO TE ADMITO!!" podendo finalmente bater-lhe, e com toda a razão.Ele fez um pirete com que direito?
Acham isto idiota? Não.
Que se lixe a bomba nuclear, os canhões e as pistolas de água...nós temos os asteriscos!

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