Infantilidades. Porque sim.
Ouvi uma expressão que me fez voltar ao passado, ficar nostálgico e rir. Além de pensar "que coisa parva.". A expressão em causa é um clássico de qualquer infância : "Epa..que cheiro a pum.". Dou-vos um tempinho para rirem, sentirem saudades e ainda se quiserem darem vocês mesmos um pum. A primeira pergunta que me ocorreu na altura foi: quem é o génio infantil que chama de pum a alguma coisa? E pior ainda, como é que pode pegar moda e toda a gente chamar pum ao acontecimento relatado no dicionário como "ventosidade sonora expelida pelo ânus."? E também, como é que alguém que já ultrapassou a adolescência consegue dizer "Epa..que cheiro a pum." em publico, verdadeiramente inocente, só para se queixar do cheiro que estava a acontecer?
Vou aproveitar a embalagem e continuar num mergulho ao passado, com mais expressões incríveis e que ninguém se deu ao trabalho de analisar depois de crescer. Falando na próxima escolha, quem não se lembra de insultar e depois levar em jeito de resposta um efusivo "Quem diz é que é, lava a cara com chulé.". Esta tem muito que se lhe diga. Indo por partes, a primeira metade "Quem diz é que é" é sem dúvida uma forma de asteriscar. Infantil? Sim. Mas pelos vistos funcionava. Em vez de dizermos algo pelos outros, o que eles diziam virava-se contra eles. Espécie de feitiço virado contra o feiticeiro. Muita magia naquela idade.
Manel: "Riscaste-me o bibe. És estúpido."
Joãozinho: "Quem diz é que é."
Ora Joãozinho não nega ter riscado o bibe, mas no fim de contas o estúpido é o Manel. Quer dizer, o Manel fica com o bibe riscado e com a estupidez. E o Joãozinho? Fica tranquilo. E com o ego saciado porque quis riscar o bibe do Manel. E riscou mesmo. Querer é poder.
Como se não bastasse toda esta situação, ainda há a punição. Ficam com o próprio insulto e ainda têm que lavar a cara com chulé, o que além de ser uma tarefa difícil (sendo chulé o cheiro proveniente dos pés, lavar a cara com o mesmo soa a esquisito) para não dizer impossível, se pode imaginar que seja algo custosa.
Outra frase bastante curiosa era a resposta a um simples pedido de horas.
Pedrinho: "Que horas são?"
Marcos: "Horas de comer pão."
Ora bem, cada vez que alguém se esquecia do relógio nem podia perguntar as horas, porque aí a porca torcia o rabo e ele tinha que ir emborcar pão. Depois queixavam-se que havia meninos gordinhos e culpavam os hamburguers. Nada disso, a culpa da obesidade infantil é dos relógios, ou da falta deles. E nem eram os professores a castigar por se querer ir ao intervalo, eram os malvados dos colegas que queriam castigar quem acordou tarde e não pegou no malfadado relógio.
Mais uma pérola: "Enganei-te, enganei-te, com uma pinga de leite.". Esta era bastante usada aquando de uma mentira bem aplicada, mas eu pergunto-me: Porquê leite? Uma pinga só? Quem conseguir relacionar leite com engano/mentira por favor comente. Aceito teorias.
Mais uma idiotice: "Olha os namorados, primos e casados, foram à igreja beber uma cerveja". Namorados? Ok. Mas primos e casados? Não quero entrar por linhas muito conturbadas mas cheira-me a incesto. Quanto à da cerveja na igreja, acho que é para encher chouriço. Ninguém bebe cervejas na igreja.
Na onda do insulto temos a melodiosa:
Joãozinho: "Vítor caganita, bacalhau sardinha frita."
Sem dúvida uma lengalenga agradável ao ouvido e que fica na retina. Um insulto educado, dado que se adjectiva a pessoa alvo com pratos de comida temidos por todas as crianças (e não só). Toma lá Vítor que já almoçaste.
Para terminar deixo uma expressão usada em jeito de espanto/revolta, quando era pedido algo que roçava o limite da impossibilidade: "Querias, batatinhas com enguias, eu cagav* e tu comias.". E esta não vou comentar. De certeza absoluta que ninguém consegue defecar batatas com enguias.
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